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Kassab pode ser a grande solução ou o maior problema do PT

12 de fevereiro de 2012 Deixe um comentário Go to comments

Nas últimas semanas tem ocorrido um movimento do PT e do PSD impensável há um ano atrás. Kassab, ao ver que seria difícil sepultar uma candidatura tucana para que o PSDB indicasse o vice-prefeito numa chapa encabeçada por Guilherme Affif, resolveu dar um giro de noventa graus e cortejar o PT, assim indicaria o vice-prefeito numa chapa encabeçada por Fernando Haddad.

No começo as visitas de Kassab a Lula e suas declarações indicando que gostaria de formar um aliança com o PT receberam efusivas negativas. Com o tempo, Kassab foi se aproximando do partido e, principalmente, de Lula. Com isso não só uma aliança entre o PT e o PSD é algo possível, como parece que é algo que está cada vez mais próximo de ocorrer.

Para o PSD e para Kassab é algo muito interessante, pois o prefeito está com um alto nível de rejeição – porém o que me impressona é que ainda há pessoas que consideram a administração dele boa ou média, quando na verdade está conseguindo ser tão bom prefeito quanto Pitta – e, com uma aliança com o PT, pode ser que um pouco da popularidade do PT e da Dilma sejam transferidos para o prefeito paulistano. O PSD também lucrará, afinal dificilmente Affif seria eleito sem o apoio do PSDB – e mesmo com isso acho que seria improvável – ou de outro grande partido, e o partido ficará com a vice prefeitura da maior cidade brasileira.

O meu questionamento é se a aliança é boa para o PT. Claro que há um lado muito positivo para o PT explorar, mas os fatores negativos podem ser um entrave.

Com a aliança, o PT faria uma campanha com muito dinheiro, afinal os “militantes” do PSD de São Paulo pertencem, em sua maioria, à elite paulista e tem grande poder de arrecadação de doações. Também pode ser uma maneira de diminuir o preconceito que a classe média e alta paulistana têm do PT.

Ter um vice do PSD significa maior penetração em terrenos em que o PT sempre foi carente. Essa penetração pode significar a vitória de Haddad.

Por outro lado deve-se levar em conta que o PT sempre foi oposição à administração Serra/Kassab. Soaria incoerente, após tantos anos de críticas, aliar-se ao adversário. Mas não acredito que o eleitor tenha uma memória tão boa assim para se lembrar do que ocorreu até o início de 2012.

Mais, corre-se o risco da vergonhosa popularidade de Kassab contaminar a campanha de Haddad. Afinal, se tem um vice indicado por Kassab deve manter o não-fazer, o fazer mal-feito e o fazer pela metade que caracteriza a atual prefeitura paulistana. Será que vale a pena correr esse risco?

Por fim, há a questão ideológica, e nesse caso Marta Suplicy mostrou como a maior parte dos petistas devem estar se sentindo. Estão vendo o seu partido os trair, aliarem-se à pessoas que sempre combateram.

Pode ser dito que isso já ocorre há anos. Mas era um pouco diferente. Quando aliou-se ao Sarney e demais oligarcas, o PT precisava deles, do PMDB e de alguns partidos de aluguel, como o PTB e o PR para governar. Com a prefeitura isso não ocorre. Há grandes chances do PT ganhar as eleições paulistanas, com ou sem Kassab e PSD. O PSDB, partido preferido da classe média paulista, está enfraquecido tanto por carência de nomes fortes como pela falta de projetos no governo estadual. Todos os candidatos com chance são relativamente desconhecidos do eleitorado e, com exceção de Chalita, o PT não tem nenhum concorrente que possa apresentar grande problemas.

Com a aliança PT/PSD corre-se o risco de setores ligados ao petismo abandonarem o barco e migrarem para outras candidaturas, o que poderia enfraquecer o PT e Haddad.

No mais, o que isso mostra ao povo é que cada vez menos preocupa-se com projetos e ideologias e cada vez mais o poder pelo poder é o que se busca dentro da política.

  1. 13 de fevereiro de 2012 às 10:31

    Faltou dizer se são ou não favoráveis à aliança.
    Abraços

    • 15 de fevereiro de 2012 às 22:00

      Se eu fosse filiado seria contra. Afinal, não há nexo em ser oposição durante 8 anos e depois colocar alguém indicado pelo Kassab de vice. Sem contar que é uma das piores administrações que São Paulo já teve, isso afetará a campanha.
      Mas reconheço que é uma grande oportunidade para o PT conseguir o voto da classe média e da elite paulistana. Portanto, se fosse o Haddad eu gostaria de fazer a aliança. É muito maior a chance de vitória

      • 15 de fevereiro de 2012 às 22:22

        Claro, claro… quanto mais aliados, melhor e mais chances…

        Porém, àqueles que defendem, por exemplo, a existëncia, ainda, das diferenças entre direita e esquerda, como ficaria essa situação? Digo, admitem-se alianças em períodos eleitorais entre partidos e políticos cujos programas são, em tese, muito diferentes?

        A meu ver é um pragmatismo tem sido frequente desde 2003, quando a governabilidade passou a exigir do governo petista a aliança – que pressupõe também concessões, congruências de interesses, etc – com adversários de outrora.

        Se isso se confirma, me causa estranheza o fato de alguns petistas não admitirem que, muitas vezes, deixam de lado suas raízes e princípios. Esse caso da possível aliança com Kassab é bastante emblemático nesse sentido…

        abs

  2. 17 de fevereiro de 2012 às 13:55

    Eu, se fosse do PT, sairia do partido caso a aliança se contretize. Mesmo se fosse o Haddad. Eu acho a suposta aliança um tiro no pé, um pouco do ponto de vista eleitoral (visto que Kassab é uma das maiores desgraças já ocorridas a Sampa), mas principalmente do ponto de vista moral. PT e Kassab foram adversários porque estão, realmente, em campos opostos. Se aliar é, no máximo uma conveniência, e bastante questionável.
    Resta saber se quem votaria no Haddad vai topar a aliança com Kassab e se quem ainda confia no Kassab votaria no PT. Será uma mistura tão boa quanto camarão com goiabada.
    Abraços,
    Grilo D

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